21/11/2007

Drogas das Raves

Nesse estudo sobre os entorpecentes que envolve as Raves encontrei um blog com muitas discussões a respeito e coloco aqui para dividir com vcs o tema e as respostas mais diversas sobre o mesmo.
Muito bom

Quem postou foi por Gustavo de Almeida


Filosoficamente, não sou contra o ser humano querer experimentar estado diferentes de percepção da realidade. Aldous Huxley, autor de “Portas da Percepção”, “Contraponto” e “Admirável Mundo Novo”, dizia que o cérebro humano precisa de “uma química”. Fernando Pessoa se referiu certa vez ao “horror de saber que a vida é verdadeira” em seu Fausto. E obras como a de Omar Kahyán falam o tempo todo em embriaguez do vinho – bem como a de Charles Bukowski, germano-americano, falava sempre em “seis garrafas pequenas de cerveja e uma de uísque”. Cada um na sua. Freud, dizem, curtia cocaína.Este primeiro parágrafo, pode não parecer, mas não defende as drogas nem as justifica. Meu objetivo é tentar explicar porque a droga está sempre presente, desde tempos imemoriais. Legalizamos o álcool. Tornamos a maconha tabu. Horrorizamos (com Justiça e certeza) a maldita cocaína, droga mais repulsiva já inventada. E nem falemos das outras que são para minorias. Bom, uma das “outras” já não é para minorias: o ecstasy. A bem da verdade, junto com o ecstasy, como forma de diversificação, veio de novo o LSD, muito presente no Rio no início da década de 80. Cada vez mais, aquele cara que sentava lá atrás na sala de aula e que ficava reprovado enquanto você passava, bom, aquele cara resolveu malhar, estudar em cursinho pré-vestibular até....ficar velho demais para faculdade e começar a vender ecstasy aproveitando o bom trânsito que tem com os colegas e as colegas de malhação. O ecstasy começou a se infiltrar pela classe média. É a droga da classe média. Curioso que a maconha tivesse vindo das camadas menos favorecidas e a cocaína, dos barões mais ricos. O ecstasy veio pela Barra da Tijuca, pois representa o amor de ocasião. O amor pelo corpo malhado do outro, momentâneo, feito ali, rapidinho, tão rápido que você nem se lembra. O ecstasy é explicado pela tradução. Aliás, eu queria que alguém “traduzisse” a frase “eu tenho uma balinha colorida para poder entrar na festa” do músico Armandinho (vídeo acima) e me dissesse se é ou não apologia às drogas – já que a letra também sugere uma desinibição sexual que, supostamente, o ecstasy é que traz. Em dado momento vem a frase “eu não tenho nojo de você”. O ecstasy em tese é a droga que provoca o amor.Pois essa droga provocou uma morte em Itaboraí, rachando uma família ao meio. Música eletrônica, calor, ecstasy, a soma de tudo matou um jovem. Os relatos do repórter Janir Júnior em O DIA são estarrecedores: jovens babando desmaiados, sujeira, promiscuidade, tudo pela manhã. Eu gostaria de tentar escrever sem esbarrar no moralismo vão – até porque eu já bebi chope até o dia clarear, isso quando não era uísque. Mas é difícil entender o que leva um jovem a buscar uma festa onde a música é barulho eletrônico de quinta categoria (nada tem de musical, de melodia, de composição, é lixo puro de Londres) e para se integrar é preciso consumir uma droga que acelera o coração. É uma tragédia que começa a se abater forte sobre o Rio: o ecstasy em breve vai tomar as bocas de fumo, como já virou opção de trabalho para os remediados da classe média.Agora, como tudo no Rio acaba em malandragem, achei divertido saber isso ontem, conversando com um amigo pelo telefone: os ambulantes, sujeitos que não têm nada a ver com a vontade que os freqüentadores têm de tomar o ecstasy, já estão pegando a manha de faturar: sobretaxam a garrafinha de água mineral a preços assustadores. Garrafinhas que o sujeito toma em qualquer bar por R$ 1 ou no máximo R$ 1,50, são vendidas nas portas das raves por R$ 3 e até R$ 4. Eles sabem que o sujeito que toma o ecstasy, ou melhor, a “balinha”, precisa beber água, sente verdadeira compulsão, e paga qualquer preço. E, dizem, alguns até fazem “refil” da água, quando é sem gás. Abastecem na bica mais disponível e vendem aos incautos.Resumindo: além do risco de enfarte, o viciado em balinha ainda corre o risco de ter uma disenteria, por beber água suja.Filosoficamente, não sou contra o ser humano querer experimentar estados diferentes de percepção da realidade. Mas ao mesmo tempo sou contra o sujeito ser trouxa. Por mais que a sobrevivência dos espertos dependa desse tipo de gente.
Os comentarios são bem diversos vejam:

Gustavo, concordo com o seu texto mas temos que tomar cuidado em quem culpar nessa hora. Como é de praxe na nosso sociedade já tem gente querendo acabar com as festas raive, jogando todo mundo no mesmo barco, dos drogados irresponsáveis. Não adianta colocar a culpa na festa na droga X ou Y, o problema todo está no comportamento humano e nessa hipocrisia em relação as drogas, o que cria uma série de informações desencontrada. Não se discute consumo de drogas de forma aberta, desprovida de paixões ou moralidades. Fechamos os olhos para determinados problemas e os hipócritas de plantão só irão se manifestar quando alguma coisa o atinge, nesse caso, a infeliz morte dessas pessoas.O assunto droga precisa deixar de ser tabu ou vamos continuar a ser reativos aos problemas gerados pelo seu consumo.
30 de Outubro de 2007 09:17
Rafael Pellon disse...
Gustavo, pior que o Armandinho é o funkão que aparece depois que acaba o vídeo do youtube nas opções de vídeos relacionados: http://www.youtube.com/watch?v=6YOerQhtrTIAbraços,
31 de Outubro de 2007 02:25

Anônimo disse...
Comentarista de esportes, atores, cantores, filósofos e quaisquer outros que sejam formadores de opinião dizerem que fumam maconha a meu ver também é apologia às drogas. E ainda não vi nenhum desses formadores de opinião ser preso ou ao menos importunado pela Justiça do nosso país por isso. A hipocrisia reina nesse Brasil. A morte de um viciado vira comoção! Prefiro me comover com a falta de médicos nos hospitais, de professores nas escolas, com a insegurança das ruas. Vivemos numa sociedade onde todos temos acesso indiscriminado às informações; só se mete com drogas quem quer. E se querem morrer, que morram!
31 de Outubro de 2007 22:04

Filipe disse...
Primeiro, gosto musical nao se discute, se vc acha musica eletronica de quinta categoria, é um propblema seu...........segundo, o q matou o rapaz (corrija no seu texto) nao foi a musica eletronica, calor e "balinha", só a balinha e o calor colaborou........Rave é o tipo de festa ainda elitisada, logo nego paga R$3,00 pq tem dinheiro, assim como pagam R$5 em um cachorro quente q na rua nao chega a R$3,00...........Terceiro, nao é preciso se drogar para se integrar..........enfim, vc mostra q é leigo no assuntoe me diz se vc qndo passa a madrugada bebendo chopp, s edirige depois?? pq até onde eu sei alcool tb é droga, causa dependencia quimica tb e tb causa morte, mas paga imposto como o cigarro....Só concordo com vc no ponto da Otarice de quem se droga. Frequento rave e nao tomo bala nem doce, qndo estou cansado, me recolho no CHILL OUT (lugar destinado pra relaxar o corpo, com musicas tranquilas, sem a batucada forte da musica eletronica), mas pena q nem todos façam isso.A galera se droga pq quer, cada um faz do seu corpo o q quer. Se morre, é pq exagerou. O corpo nao precisa de drogas pra aguentar uma Rave, mas como vc disse no seu texto, a civilizaçao sempre procurou formas de alterar a sua percepsao.O mal da musica eletronica é q ela sofre rótulos, e pra piorar, os frequentadores das raves colaboram com a péssima imagem das raves a partir do momento q se drogam.
1 de Novembro de 2007 01:20


Gustavo de Almeida disse...
Caro sr. Filipe:eu NÃO dirijo. Nem antes, nem durante, nem depois de chope. Aliás, nem tenho mais bebido nada.A Música Eletrônica, na opinião de pessoas com um mínimo de estudo em música e não de DJs que querem ganhar dinheiro em cima dos outros, é, sim, um subproduto. A grande parte dela, com raríssimas exceções.Se você acha que NÃO É de quinta, também é um problema seu. Dizer que é problema meu não diz nada. Quero ver, por exemplo, o Julio Medaglia dizer que a música eletrônica é de boa qualidade.Não há mal nenhum em gostar de música de baixa qualidade. Eu gosto do Chuck Berry, por exemplo, e ele só toca três notas há 50 anos. Mas eu admito que é lixo. É rock and roll, mas musicalmente é lixo.A sua música eletrônica é lixo, puro. Não exprime absolutamente - com o perdão da expressão - merda nenhuma, não tem melodia, não tem letra, história, não fica na memória de ninguém, ninguém assovia, nada. O nada predomina.Quanto à música eletronica ser inocente: o senhor talvez também seja leigo. Não sabe que, de acordo com especialistas como Maria Theresa Aquino, do NEPAD (procure no Google o que é), a música eletrônica combina com o efeito da droga, potencializando-o. Procure saber, por exemplo, o que pensa o delegado PF Antonio Rayol (o link está aí do lado).Seremos todos leigos?
1 de Novembro de 2007 01:32


João disse...
Desculpe Gustavo, Quual é o seu problema com o pessoal do fundão ? Que discriminação é essa?Acredito e assino em baixo, em poucas, mas assino, agora se quiser falar sobre um assunto, aprenda!Existem drogas para cada classe da sociedade e para cada pertubação desejada.Você já parou para pensar se o problema foi realmente a droga para o garoto ? Pense...Abraço e boas leituras....
1 de Novembro de 2007 08:21


Gustavo de Almeida disse...
Caro João:não há problema nenhum com o pessoal do fundão. aquilo foi um recurso de texto. creio que, como você entende mais do que eu sobre "o assunto" (eu não entendi bem qual é "um assunto"), deve poder entender o que é exatamente um recurso de texto.Quanto às drogas, as classes A e B consomem o ecstasy, mas apenas 3%, segundo pesquisa da USP, consomem a droga sintética isoladamente. Não parei não: o problema do garoto FOI a droga. Ele morreu de causas diversas, todas provocadas pelo ecstasy.Abraço e boas leituras (pelo jeito com que o sr. falou, não será aqui)
1 de Novembro de 2007 10:14


João Marcelo Maia disse...
Gustavo, entendo teu ponto de vista e também não gosto de música eletrônica. Contudo, acho que invocar Julio Medaglia é foda, né? Pra ele, Stones são lixo. E aí?De resto, ectasy, raves e música eletrônica estão imbricados da mesma forma que LSD-rock-festivais. No meu ponto de vista, a glamourização tanto de um quanto de outro "trio" é bobagem, assim como a tentativa de distinguir entre trouxas e não-trouxas. Para um amante de música erudita, não há diferença nenhuma entre esses conjuntos estéticos. Seria tudo música pop feita industrialmente para jovens consumirem um "estilo de vida" aditivado por substâncias lisérgicas. E se você pedisse para o jornalista do Dia escrever uma reportagem sobre o dia seguinte de Woodstock, você tem alguma dúvida de que o cenário seria o mesmo descrito na festa rave?? Finalmente, vale lembrar que sob o rótulo de "música eletrônica" foram feitas algumas coisas bem importantes na música pop, de Kraftwerk a New Order.
1 de Novembro de 2007 10:22


Gustavo de Almeida disse...
João Marcelo,eu não sei o que é "imbricados"Só estou espantado com a irritação generalizada, o afinco em defender um gênero musical AINDA mais limitado do que o rock de três acordes. E me espanto como a irritação com a opinião alheia pode produzir contestações tão vazias e desprovidas de sentido.Para Julio Medaglia Stones são lixo? E aí?Olha, em primeiro lugar, nunca o vi opinando isto sobre músicas melódicas dos Stones. Nunca li nada assim. Mas se ele acha, respeito a opinião dele. São lixo, sim.O jornalista de O Dia escreveria isso sobre Woodstock? Estaria coberto de razão. Não é objetivo deste blog defender o uso de substâncias estupefacientes ilegais.Por fim, João, se realmente este é um blog onde se escrevem "bobagens", bom, volto a recomendar: a abstenção da leitura é o melhor remédio contra isto.
1 de Novembro de 2007 10:52


Roberto disse...
Olá Gustavo...tudo bem???Meu nome é Roberto, sou Agente de Saúde em Dependência Química. O que me incentivou a opinar foi quando lì o nome do Del. PF Antonio Rayol. Ontem 31/10 tive a oportunidade de participar de um Seminário organizado pelo COMAD, onde ele é um dos conselheiros e junto com o Médico Dr.Oscar Cox (que presidiu a mesa)é o Comandante da PM deram uma oportunidade para a plenária abrir a mente em relação as DROGAS e a REPRESÃO, penso que os momentos que viví ontem deveria ser vivido por toda a população Brasileira, pena que poucos tiveram essa oportunidade, eu respeito a visão de cada um em relação a qualquer assunto, eu mesmo tinha uma visão em relação as drogas e como poderia ser enfrentedo o problema, porem após as informações que eu tive ontem mudei totalmente a minha visão sobre os usuários esporádicos, os dependentes e as Drogas de escolha ou as que o organismo de cada um se adapta.`É isso aí Gustavo, ví seu álbum de fotografias e percebi que nós temos algo em comum, amamos a natureza e concordamos em algumas opiniões também, eu tirei uma foto do Pão de Açucar justamente de onde você tirou, da pista Cláudio Coutinho de baixo para cima bem colado ao morro, local onde também nem todos têm a oportunidade de conhecer e que eu acredito que todo brasileiro deveria ter a oportunidade de conhecer.Gustavo, obrigado por tantas informações que voce me passou, quanto ao nosso ponto de vista, quem sabe se outras pessoas tiverem a oportunidade de se informarem melhor mudem também a maneira de ver as coisas... não é mesmo???um abração e obrigado por tudo, continue fazendo essa mediação!!!
1 de Novembro de 2007 14:22

subten disse...
Caro Gustavo, não se espante com essa gritaria generalizada. A elite detesta quando os pobres mortais se metem nos assuntos dela. Essas pessoas que postaram mostrando indignação devem ser as mesmas que acham que o viciado (se for bem nascido, claro) deve ser considerado apenas como um doente, não passível de punição alguma e que de forma alguma financiam o tráfico de drogas e a compra de armas no nosso RJ. São filhos da nova psicologia infantil, onde não se pode dar uma palmada no filho, onde eles só aprendem a não ter limite algum, muito menos respeito aos outros, principalmente quando esses outros de algum modo ameaçam cercear essa suas (deles) liberalidades. ┬
Pois é a discussão sobre RAVES e seus entorpecentes ainda vai longe.
Mas dizer que a musica eh lixo?!!! ele pegou pesado

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